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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Lesões de cintura escapular (Ombro)



A cintura escapular é uma complexa unidade funcional composta por 4 articulações distintas, ou seja, não é apenas uma região de ligação do tórax com o membro superior, mas sim toda essa estrutura localizada bilateralmente na entrada torácica, desde a parte inferior do pescoço até a porção proximal do membro superior, incluindo ossos, músculos, ligamentos e fáscias.

Os componentes ósseos formadores da cintura escapular são: ESCÁPULA, ÚMERO, CLAVÍCULA, ESTERNO, 1ª COSTELA E T1 (10 OSSOS).

Desmembrando-se esse complexo, a cintura escapular é formada por 4 articulações:
·         Esterno-clavicular;
·         Acrômio-clavicular;
·         Escápulo-torácica;
·         Gleno-umeral


Se deve levar em consideração que, por se tratar de uma zona de transição entre um componente rígido (tórax) e outro muito móvel (pescoço) esse local torna-se muito susceptível a lesões em virtude do estresse sofrido. Da mesma forma é interessante mencionar que todos os componentes vasculares e nervosos medulares, que se dirigem para a cabeça, devem obrigatoriamente atravessar a cintura escapular e, por ventura, se a conformação desta não estiver equilibrada, podem ser observados assim alguns transtornos vasculares e\ou nervosos.
Deve ser enfatizada também a relação que a cintura escapular tem com o restante do corpo, uma vez que sua disposição anatômica permite relacionar-se diretamente (articular) com o tronco, membro superior e pescoço, além de indiretamente (relação miofascial) com a cabeça, ATM, coluna lombar e, consequentemente, membros inferiores. Destaca-se a ação do músculo latíssimo do dorso (grande dorsal), o qual relaciona a cintura pélvica e a coluna lombar com a articulação gleno-umeral, justificando alguns casos de associação de sintomas lombo-pélvicos com quadros de dor e limitação de movimento do ombro. Da mesma forma, é interessante ressaltar que ao nível de C3, C4 e C5 na coluna cervical emergem raízes nervosas destinadas ao ombro e, da mesma forma, fibras que vão inervar sensitivamente algumas vísceras como o fígado e coração, justificando-se, assim a associação de sintomas em ombro direito provenientes de uma hiper excitação visceral hepática (órgão localizado no hemilado direito corporal), assim como o coração associa-se ao ombro esquerdo.
 
Diante das relações anatômicas apresentadas, fica evidente o teor de importância que esse segmento tem na nossa abordagem, uma vez que normalmente apresenta repercussão disfuncional proveniente de outro segmento, sendo muito comum observarmos na avaliação clínica alterações de cervical e de cintura escapular simultaneamente. Os desvios posturais também interferem diretamente no posicionamento da cintura escapular projetando-a para cima, baixo, frente ou para trás e assim instalando um quadro disfuncional no segmento.
Muito susceptível a disfunções, a gama de lesões ortopédicas nestas articulações é deveras extensa, onde notoriamente podem ser listadas e diferenciadas pelos sintomas de dor e bloqueios articulares, principalmente. A manutenção da integridade deste aparato é de suma importância, uma vez que seu prejuízo pode interferir nos segmentos aos quais se relaciona. Portanto, quaisquer tipos de sintomas ou queixas devem ser avaliados e, de imediato corrigidos, visando o perfeito equilíbrio do corpo.
Dentre as lesões observadas na cintura escapular podem ser destacadas:

·         TENDINITES: Lesões inflamatórias dos tendões musculares, sejam elas por influência nutricional devido à má alimentação ou distúrbios metabólicos, que favorecem a deposição de agentes irritativos nos tecidos musculares (agentes resultantes de um metabolismo deficitário por disfunção de um órgão). Por fim, as disfunções mecânicas colocam alguns músculos em tensão permanente (seja por atrito em um osso ou por estiramento) pela alteração do segmento articular, caso onde uma luxação mal reabilitada deixa a articulação fora da conformação normal. Esse mau posicionamento vai gerar um alongamento ou encurtamento permanente de um determinado músculo ou grupo muscular, e essa condição, quando contínua - sem dar condições de relaxamento -, vai comprometer a circulação e a nutrição deste músculo, favorecendo a instalação de uma inflamação local (tendinite). 
** Supraespinhoso e Bíceps braquial são os músculos mais acometidos.

·         LUXAÇÕES/SUB-LUXAÇÕES (perda total ou parcial do contato articular): Geralmente oriundos de um evento traumático, vão proporcionar o bloqueio da articulação em questão, acarretando nas limitações de movimentos (dolorosas ou não) e, posteriormente outras afecções adaptativas no complexo ombro ou nos segmentos relacionados a ele, se não tratadas devidamente.

·         LESÕES DO PLEXO BRAQUIAL: os componentes da inervação (coluna cervical) e da vascularização destinada ao membro superior são encapsulados em uma bainha membranosa (plexo braquial) na altura da cintura escapular antes de migrar para o membro. Este plexo pode ser comprimido em alguns determinados pontos, desde a origem da raiz nervosa na coluna cervical, alguns músculos do pescoço (escalenos) e do tronco (peitoral menor) ou ainda por estruturas ósseas como clavícula e 1ª costela, além de outros pontos de compressão na extensão do membro superior até a mão. Tais disfunções vão gerar queixas como dores irradiadas ou referidas, além de parestesias e disfunções circulatórias como alteração térmica do membro acometido associado ou não com dor difusa.

·         DISFUNÇÕES AUTONÔMICAS: Estas são observadas em casos de disfunção na coluna vertebral no nível de C7 ou de T1, vértebras essas que estão relacionadas ao gânglio estrelado do sistema nervoso autônomo Simpático. Uma alteração deste gânglio pode apresentar tanto repercussões vasculares, mencionadas anteriormente, como alterações excretoras, onde o paciente em questão apresenta principalmente queixas de ausência ou excesso de sudorese.

·         DISFUNÇÕES LINFÁTICAS: A região de axila é importante no aspecto linfático pela grande concentração de gânglios e vasos deste sistema. Uma alteração tensiva dos componentes ali presentes pode prejudicar a ação de drenagem e seus efeitos sistêmicos.

O tratamento osteopático da cintura escapular é bastante abrangente, uma vez que a abordagem do corpo todo se faz necessária muitas vezes, fica clara a importância e relevância que a integridade deste segmento na saúde e bem estar. O tratamento vai se utilizar de técnicas especificas que vão preconizar o reequilíbrio (estrutural, funcional, linfático,...) e a harmonia da cintura escapular com o restante dos segmentos. Portanto, a harmonia do corpo como um todo será priorizada, visando livrar a região do estresse.
Existem 2 movimentos básicos que o paciente normalmente apresenta queixas no caso de se fazer presente uma disfunção. O primeiro é o movimento PALMA DA MÃO -> CABEÇA, e o outro é DORSO DA MÃO -> LOMBAR (SEM ENCOSTAR). Em casos de dificuldade na realização destes 2 movimentos seja por dor ou por limitação, procure um OSTEOPATA, pois seu ombro apresenta disfunção e você precisa dele pra desempenhar sua atividades da melhor forma. Qualquer sintoma de bloqueio articular ou dor local merece ter a devida atenção.