A coluna cervical é constantemente mencionada
nas queixas de pacientes de qualquer faixa etária, as origens e os tipos de
patologias cervicais formam uma lista muito extensa, dentre elas um quadro que
normalmente nos surge em consultório é o chicote crânio-sacral, trauma mecânico
ocasionado pela associação de um vetor de força de aceleração seguido por
desaceleração. Observamos tal efeito em casos clássicos de acidentes
automobilísticos com choque posterior, onde observamos primeiramente um choque
posterior da cabeça contra o encosto do banco e em seguida a projeção anterior
na direção do volante ou painel do carro (ocorrendo choque ou não).
**Você leitor pode estar mais habituado em
ouvir o nome CHICOTE CERVICAL, porém é válido lembrar que a síndrome aqui
relatada apresenta uma abrangência maior que costumamos ouvir e normalmente não
restringe suas repercussões apenas à coluna cervical, mas sim a todo segmento
vertebral.
A mobilidade excessiva da coluna cervical e o
peso considerável da cabeça do paciente (cerca de 10% do peso corporal)
favorecem este tipo de trauma, apesar do arcabouço muscular da coluna cervical
ser suficiente para prover estabilidade à região, um trauma em condições de
distração e inconsciência pode trazer sérios prejuízos, seja de natureza
estrutural, neurológica, visceral (isso mesmo), entre outras.
O chicote C-S ocorre através de 4 fases de
evolução, onde levando-se em consideração que o paciente está com o cinto de
segurança e sofre um choque posterior em seu veículo:
·
1ª fase: A força de projeção do impacto vai
promover uma compressão vertebral pelo espasmo muscular intenso, seguida de uma
tração longitudinal da coluna (pelve presa pelo cinto), resultando em lesões
discais pelo afastamento vertebral e estiramento das fibras do disco
intervertebral.
·
2ª fase: Ocorre a sequência do estiramento da
coluna observando-se uma extensão de todos os segmentos vertebrais (a coluna
adota uma posição arqueada para atrás), este estiramento persiste até o choque
posterior da cabeça do paciente com o encosto do banco do carro. O choque
posterior da cabeça vai fazer com que o crânio fique encastrado (fixado)
anteriormente e vai promover um estresse articular em todos os segmentos
vertebrais como articulações intervertebrais, músculos e ligamentos. Além de
repercutir diretamente sobre a ATM em virtude do paciente sofrer o impacto com
a boca entreaberta e a musculatura local promover uma disfunção côndilo-meniscal
na articulação.
·
3ª fase: Ocorre o ápice de aceleração de todo
o processo, onde o tronco e a cabeça do paciente são projetados anteriormente.
·
4ª fase: A última fase do processo é marcada
pela desaceleração do processo ainda projetando o tronco e a cabeça do paciente
para frente. Novamente o cinto de segurança promove a fixação dos ilíacos no
banco e a tração exercida pela projeção anterior faz com que o sacro se fixe
anteriormente aos ilíacos. Este processo faz com que a coluna vertebral
mantenha-se inteiramente em disfunção (do crânio até o sacro).
Através da descrição de todo o
mecanismo do chicote C-S ficam evidentes a complexidade, a amplitude e a
gravidade do quadro clínico, uma vez que o conjunto de lesões pode promover uma
repercussão grande no corpo do paciente. Listam-se como possíveis estruturas
alteradas diretamente pelo mecanismo do chicote crânio-sacro as articulações
intervertebrais (facetas articulares), discos intervertebrais, músculos (cervicais,
gradil costal e lombares) raízes nervosas motoras e sensitivas, nervos
autonômicos, ligamentos, cintura escapular, pelve e cabeça. Além das
repercussões secundárias em membros e vísceras.
Para nosso corpo estar saudável e
livre de sintomas, é necessário um equilíbrio de todos os sistemas, ou seja, a
mobilidade e a funcionalidade de todos os segmentos corporais são
imprescindíveis. O chicote C-S promove desarranjos articulares cranianos,
vertebrais e pélvicos, consequentemente a repercussão destas disfunções vão
refletir em todos os segmentos corporais (membros superiores e inferiores, vísceras
e músculos pela inervação).
As queixas mais normais são dores
musculares (estiramento\espasmo) e articulares em região cervical, lombar e cintura escapular (torcicolos)
com limitação dolorosa de movimento, além de sintomas viscerais como
transtornos de trato digestivo e urinário, cefaleias tensionais, enxaquecas, tonturas e vertigens.
O tratamento imediato deve consistir em imobilização cervical com colete, medicamentos e repouso. O tratamento osteopático pode ser imediato (exceto em casos de fraturas ou luxações) e consiste em
devolver a harmonia de todos os segmentos envolvidos e prejudicados com
técnicas distintas e específicas de cunho analgésica, vascular, articulatório,
miofascial, reequilíbrio autonômico e visceral, funcional e restabelecimento da harmonia do sistema
crânio-sacral, além de promover o retorno das funções neurológicas (viscerais)
observadas.
Procure um profissional osteopata próximo de você e tenha resultados rápidos e eficientes, uma vez que a osteopatia visa sempre a correção da causa e restabelecimento da harmonia corporal. Pode-se afirmar que a osteopatia visa primordialmente o paciente como objeto de tratamento, a remissão dos sintomas será consequência da intervenção.
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