Atendendo a alguns
pedidos de algumas amigas, minha irmã e minha namorada, me propus a escrever sobre a
intervenção da OSTEOPATIA em algumas disfunções ginecológicas, pelo fato do
termo GINECOLOGIA abranger uma gama
muito grande de conteúdo vou me ater em discorrer sobre algumas principais
queixas do sexo feminino.
Antes de qualquer argumentação é válido ressaltar alguns
dados relevantes sobre o assunto como aspectos anatômicos do aparelho
ginecológico e suas relações com áreas adjacentes. É formado por 5
estruturas principais:
·
PELVE: É o nome dado para a região de
forma global compreendida entre os ossos ilíacos e anteriores ao sacro, vai
comportar alem das vísceras pélvicas um aparato muscular e ligamentar muito
potente, a musculatura local (assoalho pélvico) vai formar um piso onde vão se “assentar”
todos os componentes locais, além de exercer uma função secundária de diafragma
(regulador da pressão intra-abdominal ). Na mulher a pelve é de característica mais larga que em virtude
da fisiologia e anatomia local visar receber um feto quando na idade adulta.
·
PERÍNEO: Porção mais inferior da pelve
está localizada inferiormente ao assoalho pélvico e compreendido entre a sínfise
púbica e o cóccix, é o elemento pélvico mais fixo\rígido e portador de
disfunções de tônus (incontinência urinária ou fecal) pelo peso recebido
permanentemente.
· ÚTERO: A víscera mais móvel e moldável
do corpo humano apresenta uma conformação triangular formada basicamente por um
corpo, istmo e colo, além de diversas estruturas ligamentares que se inserem
nele. Dentre elas as mais relevantes para suas patologias são:
o
(1)
Fáscia sacroretogênitovésicopúbica (Membrana que está
aderida bilateralmente nas estruturas que dão o nome à fáscia à
Sacro, Reto, Útero, Bexiga e Púbis) e vai favorecer as repercussões mecânicas
entre todas elas.
o
(2)
Ligamentos útero-sacros (Relacionam os problemas\sintomas
de coluna lombar e sacral com o útero).
o
(3)
Ligamento largo (membrana larga que une a face lateral
do útero com a parede lateral do abdômen)
·
OVÁRIOS: 2 estruturas ovais de aproximadamente
4x2 cm (6-8g) estão unidos ao útero por estruturas ligamentares específicas (ligamentos
útero-ováricos) além das trompas de falópio superiormente.
Além
destes, fazem parte deste conjunto os regentes da fisiologia de todo este complexo,
os chamados centro reguladores
superiores que fazem a mensuração e o controle hormonal das necessidades do
organismo feminino;
HIPOTÁLAMO: Faz uma interpretação
dos níveis hormonais (ciclo menstrual) e comunica a hipófise.
HIPÓFISE: Uma vez recebida a
informação hipotalâmica, é a responsável por fazer a liberação dos hormônios na
corrente sanguínea responsáveis por realizar a regulação de todo este sistema.
** Esse mecanismo
pode ser comprometido na presença de algumas enfermidades graves ou sobre
efeitos psicossomáticos.
No âmbito osteopático, por se tratar de um órgão extremamente móvel e diretamente relacionado com
estruturas próximas como bexiga, coluna lombo-sacra, reto (intestino grosso) e assoalho
pélvico, o útero vai apresentar repercussões pelos 3 elementos ligamentares citados
anteriormente (Principalmente).
Fica mais claro exemplificar o fato de uma disfunção de
sacro (Torção) trazer uma tensão ligamentar até o útero modificando sua
conformação ou posicionamento, por fim, gerando sintomas a esta paciente. Da mesma
forma, uma disfunção de útero repercutir em sintomas lombares, sacrais,
intestinais,...
As DISFUNÇÕES DE ÚTERO são averiguadas através de testes
de mobilidade e palpação, onde podem ser citados as seguintes lesões: 1. Anteversão, 2. Anteflexão, 3. Retroversão,
4. Retroflexão, 5. Láteroversão e 6. Láteroflexão. Onde, estas são classificadas
de acordo com a posição combinada entre corpo e colo uterino, ou seja, se o
corpo se move para um lado|frente|atrás e o colo uterino se move para o sentido
contrário, estas disfunções recebem as terminações nominais VERSÃO em seu nome.
Já, se o corpo uterino se move e o colo permanece estático nomina-se tais disfunções
com as terminações FLEXÃO.
Fisiologicamente o útero apresenta uma conformação
levemente ANTIVERTIDA, de forma que se apóia na face superior da bexiga,
relação esta que explica a necessidade da gestante urinar constantemente (o útero
cresce e comprime a bexiga), da mesma forma que explica outros sinais como
prisão de ventre e lombalgias intermitentes. Por
apresentar um sistema ligamentar aderido à tantos locais fica evidente a
quantidade de sintomas e problemas que uma disfunção uterina pode proporcionar.
As CÓLICAS MENSTRUAIS ou DISMENORRÉIAS consistem numa anomalia
dos receptores musculares que provocam contrações intensas da musculatura
uterina em casos de disfunções presentes, desequilíbrios hormonais na 2ª metade
do ciclo menstrual ou por uma congestão vascular uterina (obesidade, disfunção
de períneo e alterações mecânicas) são relacionados a tal patologia.
A Tensão Pré-Menstrual (TPM) consiste em um
conjunto de sintomas associados entre os 5-11 dias que antecedem a menstruação
e desaparecem com o inicio da mesma, relacionados com um desequilíbrio onde é observada
uma “flutuação” dos níveis de estrógeno e
progesterona, onde este segundo produz um neuroesteróide estimulante do GABA
(substância que possui efeito ansiolítico = calmantes e redutores da ansiedade),
ou seja, quando os níveis de progesterona encontram-se diminuídos,
consequentemente as concentrações destas substâncias estarão reduzidas também e
com elas suas funções ansiolíticas, favorecendo assim o surgimento de sintomas como
ansiedade, nervosismo, instabilidade emocional e depressão. Da mesma,
associados a esta flutuação dos níveis hormonais citados vamos encontrar outros
sintomas como, cefaléias, dores na coluna, cólicas abdominais e flatulência, espasmos
musculares (cólicas), aumento de peso, prisão de ventre, náuseas,... .
Nas
mulheres pós-menopáusicas, onde estes hormônios encontram-se inativos a TPM não
é mais observada.
De forma geral associamos os quadros de disfunções ginecológicas
tanto alterações mecânicas, como fisiológicas relacionadas a funções dos
centros superiores. Da mesma forma, o TRATAMENTO OSTEOPÁTICO vai focar sua
intervenção na correção destes fatores, tanto em um reposicionamento ou ganho
de mobilidade do útero ou estruturas adjacentes (sacro, coluna lombar,
intestino grosso, bexiga,...) por técnicas diretas sobre a estrutura comprometida,
e\ou por intervenção craniana (último artigo publicado sobre crânio) visando
estimular a hipófise através de técnicas para a sincondrose esfenobasilar. As técnicas também serão voltadas a inervação de cada segmento visando a normalização autonômica do segmento alterado (L2 para ovários e L5 para Útero).
Para não estender mais o conteúdo, coloco-me a disposição
para eventuais questionamentos, sugestões, críticas ou quaisquer outras
colocações.
MUITO OBRIGADO!
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Tanto ÚTERO como OVÁRIOS podem apresentar repercussões por suas inserções (disfunções adaptativas) de estruturas diversas como:
- Crânio.
- Intestinos.
- Sistema emocional.
- Coluna vertebral-sacro
- Bexiga.
LESÃO DE SACRO --> Crânio (SEB) --> Alt. Hipófise --> Disfunção hormonal --> Transtorno de ovários.