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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Síndrome do Piriforme - Compressão do nervo Ciático.

Síndrome do Piriforme é o nome dado à um quadro de compressão do nervo ciático pelo músculo Piriforme, localizado à altura dos quadris na região glútea. É uma disfunção considerada comum nas clínicas de fisioterapia uma vez que é apontado que tal síndrome acomete 6% da população mundial, mais incidente no sexo feminino. Vários fatores estão relacionados às causas de tal quadro, desde um comprometimento articular entre o sacro (osso chato e largo na porção final da coluna) e ilíaco (ossos da "bacia") até o simples fato de uma pessoa usar carteira no bolso posterior de uma calça e sentar sobre a mesma todos os dias, neste caso a compressão rotineira da carteira sobre o piriforme implica em uma lesão crônica do mesmo, gerando um espasmo permanente do músculo piriforme e consequentemente o pinçamento do nervo ciático. As lesões de útero, alterações L5-S1 (hérnia, artroses, ...) e lesão de cóccix são as causas muito observadas. Além destas podemos ainda citar:
  • As lesões desportivas que afetam o quadril são responsáveis por 2,5% dos casos.
  • exercícios excessivos para glúteos observado nas mulheres que buscam um bumbum perfeito. O aumento rápido e exagerado dos glúteos pode causar compressão do nervo ciático.
  • Inflamação ocasionada por um trauma.
  • Trauma de quadris ou sacro;
Podemos ter uma noção da localização deste músculo se imaginarmos que ele começa na face lateral mais inferior do sacro até a porção mais larga da coxa (perto da articulação do quadril). Neste trajeto há um cruzamento do nervo ciático que vem da coluna (trajeto vertical) com o músculo piriforme que está horizontal na região glútea.
Existem 3 formações diferentes deste cruzamento entre nervo ciático e piriforme:
  1. O nervo ciático passa por baixo do piriforme (mais comum - Aprox. 87%).
  2. O nervo  ciático passa por cima do piriforme. (Raro - Aprox. 1%)
  3. O nervo ciático passa no meio do piriforme - perfura o músculo.(Mais grave - Aprox. 12%);**
** Nesta formação anatômica uma compressão do ciático é mais incidente e mais intensa.

Os sintomas apresentados por este quadro são típicos de uma ciatalgia, como:
  • Dores em quimação e formigamentos intensos no trajeto percorrido pelo nervo ciático na região posterior dos membros inferiores, porém não deve passar da região posterior do joelho (fossa poplítea) ou posterior da panturrilha.
  • Dor na região sacro-ilíaca que desce para a coxa e provoca dificuldade de caminhar.
  • Aumento da dor quando o paciente que estava sentado fica em pé ou, ao caminhar, pára repentinamente.
  • Dor ao elevar o membro inferior com o joelho estendido e o paciente deitado de costas. (Sinal de Lasegue)

Devemos ressaltar que pelo fato do músculo piriforme estar inserido sobre o sacro (Fixa o sacro), vai comprometer a mecânica da marcha (implica em sintomas mais locais) gerando dor lombar, na articulação do quadril ou ao caminhar, passar da posição sentada para em pé, muito tempo sentado pode causar dor também.

Porém se o quadro for observado nos 2 lados (fixação bilateral do sacro), este pode ser mais intenso podendo referir compensações sobre a coluna até o crânio (repercussão de tensão pela dura-máter) favorecendo assim quadros como lombalgias, hérnia discais, enxaquecas, vertigem, disfunções visuais e auditivas.
Existe um mecanismo denominado Crânio-sacro em que estudamos a repercussão de lesões sacrais sobre o crânio, bem como do crânio sobre o sacro, esta repercussão é observada em virtude da meninge Dura-máter em azul na imagem (presente ligando a base do crânio ao sacro) no trajeto da medula espinhal transmitir as tensões imposta por uma lesão de uma extremidade da coluna até a outra. Desta forma justifica-se os casos de uma lesão sacral implicar em um sintoma na cabeça.

No tratamento deste paciente, a intervenção osteopática deve focar na liberação do espasmo do músculo piriforme,  articulares, musculares e ósseas, bem como corrigir eventuais compensações do nervo cíático mobilizando-o, sinais estes presentes na avaliação. Normalizar também as tensões e repercussões impostas pela dura-máter ao crânio, consequentemente tratando e normalizando os sintomas e disfunções presentes no crânio.
Costuma trazer alívio imediato dos sintomas ao paciente e da mesma forma normalizando as disfunções antes observadas em algumas sessões (varia de acordo com a gravidade do quadro).

Os problemas de nervo ciático são mais comuns do que imaginamos e são passíveis de tratamento e melhoras significativas, mantenha-se informado e procure tratamento.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Hérnias e outras alterações discais

Nos deparamos frequentemente com pessoas portadores de dores na coluna vertebral, assim como o "desconforto abdominal" a dor na coluna pode referir uma gama muito grande de causas e doenças. As doenças discais são comuns em pessoas do nosso meio (Todo mundo conhece alguém que tem problemas discais). Devemos saber que a MÁ POSTURA pode ser considerada a grande vilã desses problemas já que a integridade vertebral depende de um bom alinhamento postural e de hábitos saudáveis (ergonomicamente corretos) em nosso cotidiano.
Em ações de sobrecarga de peso (construção civil, academia, carregadores de pesos, trabalhadores braçais,...) muito frequentemente nos deparamos com posicionamentos errados e corriqueiros de causar doenças discais e dores lombares.
As patologias discais surgem muito normalmente de forma assintomática (sem sintoma aparente) em seus portadores, vindo a manifestar-se apenas em condições mais severas do problema, quando uma degeneração discal já se faz presente, quadro este que condiciona o disco vertebral à um estado já de desidratação, desordens bioquímicas (composição química do disco vertebral está alterada) e de isquemia(1) local = DISCO VERTEBRAL DOENTE.
Para manter a integridade da função da coluna, o disco vertebral necessita estar em perfeito estado, consideramos assim quando o mesmo se encontra bem hidratado e com sua composição química íntegra, em determinados casos os problemas discais surgem com mais facilidade:
  • Danos estruturais do disco: A composição discal encontra-se afetada pelas más posturas e sobrecargas sobre a coluna vertebral.
  • Herança genética: Hereditariedade.
  • Ocupação: A profissão do indivíduo vai poder interferir na saúde da coluna vertebral.
  • Tabagismo: Causa comprometimento da circulação sanguínea do disco (assim como nos demais segmentos do corpo).
O DISCO VERTEBRAL é composto por UM ANEL FIBROSO resistente e por um NÚCLEO PULPOSO formado por uma substância líquida grossa, tem função primordial na absorção de impactos (função de amortecedor) e facilitador dos movimentos da coluna. Em condições normais o disco vertebral já sofre ação lesiva todos os dias em virtude da posição em pé, a qual implica uma ação compressiva sobre os mesmos, já existem outros fatores já mencionados que podem INTENSIFICAR o processo de comprometimento discal.

O disco vertebral pode ter sua integridade comprometida de diversas formas (a hérnia não é a única doença que um disco vertebral pode sofrer), as quais podem manifestar seus sintomas de inúmeras maneiras. Dentre as principais formas de manifestação das alterações discais podemos destacar as seguintes:
  1. EDEMA DISCAL: Assim como qualquer outro segmento corpóreo, após uma lesão ou sobrecarga na coluna, o disco pode apenas "inchar" (reação inflamatória) e seu aumento de tamanho pode ou não comprimir raízes nervosas próximas gerando um quadro doloroso.
  2. ENTORSE DISCAL: Após um movimento muito brusco ou à uma posição que tenha gerado uma sobrecarga local, o disco vertebral pode sofrer lesão de algumas fibras e desencadear um quadro doloroso.
  3. PROTUSÃO DISCAL: Observa-se uma ruptura de fibras mais internas do disco não havendo extravasamento do núcleo, nota-se um abaulamento do disco vertebral que pode ou não gerar sintomas. (80% dos quadros é assintomático).
  4. HÉRNIA DISCAL: Observa-se uma ruptura total do disco com extravasamento do núcleo, pode apresentar-se de 5 formas diferentes; (Central, Póstero-interna**, Foraminal(2), Extraforaminal-externa, Sub-ligamentar). Apenas as hérnias posteriores vão ter sintomas pois terão contatos com um ligamento ricamente inervado, o ligamento anterior da coluna não tem inervação, portanto não refere dor nas hérnias anteriores.
** Forma mais comum dos tipos de hérnias.

Vale lembrar muitas vezes essas hérnias discais vão comprimir nervos que nascem no mesmo nível da coluna observado, ou seja, uma hérnia a nível de L5-S1 pode acometer o nervo que sai nesta mesma altura da medula gerando sintomas locais na coluna lombar OU à distância onde este nervo que está comprimido vai inervar (no caso de L5-S1 consiste na parte posterior dos membros inferiores). Assim como uma hérnia na altura da coluna cervical pode gerar sintomas cervicais ou a nível dos membros superiores. Os sintomas que as alterações discais produzem nos indicam nomes específicos pra cada quadro, nomes que talvez você leitor já ouviu e não se familiarizou.
  • LOMBOCIATALGIA: Dor presente ao mesmo tempo na coluna lombar e atrás do membro inferior (referente o nível da medula *baixo* comprimido pela hérnia).
  • LOMBOCRURALGIA: Dor presente na parte anterior da coxa e região alta da coluna lombar.
  • LOMBALGIA: Dor presente apenas na região lombar (não teve manifestação de sintomas pras pernas).
  • CERVICOBRAQUIALGIA: Dor presenta na região cervical e no membro superior (região variável de acordo com o nível vertebral herniado).
  • CERVICALGIA: Dor apenas na região da nuca, sem manifestação de sintomas para os braços. 
 Desta forma, nota-se que o tipo de manifestação dos Sintomas (dor local permanente ou associado à movimento da coluna, formigamento e posição antálgica(3) ), bem como a gravidade da hérnia discal é bastante variável, não cabendo uma intervenção de tratamento PADRÃO e CONVENCIONAL para elas. Requer assim, um sistema de avaliação minucioso que tende a diferenciar o tipo de herniação presente nesta coluna, para aí sim elaborar um tratamento eficaz para este paciente.A OSTEOPATIA é altamente eficaz para este tipo de intervenção em virtude de avaliar corretamente e tratar o quadro discal manualmente de acordo com o tipo de comprometimento achado na avaliação, produzindo alívio instantâneo dos sintomas e correção do quadro em muitas vezes. 

O paciente portador de doenças discais apresenta uma vida muito restrita à ficar em casa e privada de exercícios físicos e lazer.  

Não tenha uma vida restrita, trate-se.


 
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(1) Isquemia: Circulação sanguínea local comprometida (reduzida).

(2) Foraminal: 'Forame' é o nome dado para o orifício entre as vértebras de onde saem os nervos originados da medula espinhal, em uma "hérnia foraminal" o conteúdo do disco extravasa para dentro deste orifício vindo a comprimir a raiz nervosa.

(3) Posição antálgica: Posição que o paciente adota fora das condições normais visando o alívio da dor, em caso de hérnia geralmente é observado naquele paciente que anda curvado para frente (flexão de tronco).
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