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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Entorse de costela??


Diante de um quadro de entorse costal atendido na semana passada me veio a possibilidade de escrever à respeito do assunto já que não vemos muitos artigos públicos relacionados à lesões de costelas, e você não leu errado não, uma vez que por se tratar de um componente ósseo que se articula (possui ligamentos), uma costela pode sim sofrer uma lesão de entorse. Quadro intenso de dor pontual posterior (lateralmente a coluna) ou anterior (união com o osso esterno) é causado na grande maioria por um movimento excessivo de rotação de tronco, após uma crise importante de tosses ou por um trauma direto.
           O arcabouço torácico é composto por 12 pares de costelas que se relacionam bilateralmente com cada vértebra torácica, apresentam algumas particularidades relacionadas a cada região do gradil costal, pode ser destacada a diferença da 1ª para as demais costelas onde esta apresenta um sistema biomecânico próprio e um pouco distinto das demais costelas. São formadas por 4 partes anatômicas principais, (1) cabeça, (2) colo, (3) ângulo e (4) corpo.
              As costelas se relacionam anatomicamente com as vértebras torácicas através de 2 articulações distintas, as articulações COSTOTRANSVERSA (entre a costela e o processo transverso vertebral) e  COSTOCORPÓREA (entre a costela e o corpo vertebral), enquanto a outra extremidade costal é unida a uma cartilagem que fará a união da mesma ao osso esterno na região peitoral. As costelas ainda se relacionam com uma série de músculos, onde os mais incidentes nas ações costais podem ser grifados como os intercostais (entre as costelas), serrátil, peitorais, quadrado lombar, abdominais e diafragma. Desta forma elucidamos que aproximadamente 30 músculos podem estar atrapalhando a harmonia do gradil costal e assim trazendo um quadro de disfunção ao paciente.
Como todo componente ósseo articulado do nosso corpo as costelas apresentam um sistema biomecânico bastante singular, já que as 6 costelas superiores realizam um movimento chamado de “Braço de bomba” que consiste em subir e descer aumentando o diâmetro ântero-superior. Já as costelas inferiores realizam o movimento que denominamos como “Alça de balde” por apresentar um movimento de subida e descida aumentado as amplitudes torácicas no plano lateral.
            Por se tratar de uma lesão de entorse, as estruturas que apresentarão disfunções são as articulações com as vértebras ou a região relacionada a cartilagem esternal, nota-se um processo inflamatório incidente, dor aguda pontual na articulação afetada relacionada a movimentos específicos ou respiração. O trauma causador do entorse desalinha uma das 3 articulações projetando a costela para frente ou para trás (detectamos na avaliação palpatória), nota-se da mesma forma um comprometimento da mobilidade local (vértebra em questão) já que um componente articular encontra-se mal posicionado.
            O paciente refere dor aguda bem localizada relacionada à um determinado movimento de tronco, dado este muito importante na nossa abordagem para detectar o tipo de disfunção e qual a articulação que está comprometida, bem como serve para avaliar o grupo muscular envolvido no quadro do paciente.
            As disfunções costais não tratadas devidamente tornam-se crônicas muitas vezes promovendo ao paciente um quadro intermitente de irritação, ou adaptando componentes corporais relacionados ao gradil costal implicando em diminuição de mobilidade ou comprometimento da funcionalidade destas estruturas, são elas, vísceras torácicas, mediastino, pelve, coluna lombar e cervical, ombros, além de vísceras abdominais com relação diafragmática (fígado, estômago, baço e intestino grosso). Desta forma estaríamos diante de uma disfunção considerada simples, porém com repercussões abrangentes.
            As costelas podem também estarem afetadas por efeitos posturais adaptativos e da mesma forma prover sintomas ao paciente à longo prazo.
            O tratamento OSTEOPÁTICO é bastante simples e indolor, consiste na aplicação de técnicas específicas visando reposicionar a costela lesionada, corrigir os espasmos musculares intercostais e de grupos musculares adjacentes ao local lesionado, devolver a mobilidade local e geral de gradil costal.