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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Entorses de pé e tornozelo



O complexo tornozelo-pé é um dos mais sujeitos à lesão do nosso corpo, isso porque se trata de uma articulação bastante utilizada e em contrapartida portador de um aparato ligamentar insuficiente como estabilizador, ou seja, a articulação do tornozelo é desprovida de estruturas estabilizadoras suficiente para se evitar maiores traumas. Vale enfatizar que os meios de tratamento são inúmeros e bastante eficazes (vide OUTRAS CONSIDERAÇÕES NO FINAL DA POSTAGEM).
O pé e o tornozelo são compostos em sua totalidade por 26 ossos, porém a ligação entre eles nem sempre é realizada por ligamentos, mas sim por tendões musculares que também exercem essa função (com menor eficácia). 
Tornozelo: Conjunto articular que realiza os movimentos de flexão dorsal e flexão plantar (ponta do pé para cima e para baixo) - Articulação Tibio-talar (união do osso da canela com o pé). 
Pé: Conjunto articular que realiza os movimentos de inversão e eversão (planta do pé para dentro e para fora) -Tálus em relação aos demais ossos.
          
          Dentre as estruturas estabilizadoras, percebemos dois conjuntos de ligamentos que tem este papel primordial.
 
O LCL é formado por 3 feixes:

  • Ligamento Talo-fibular anterior
  • Ligamento Talo-fibular posterior.
  • Ligamento Calcâneo-fibular.







O LCM ou Lig. Deltóide é formado pelos feixes:

  • Ligamento tíbio-calcaneo.
  • Ligamento tíbio navicular.
  •  Ligamento tíbio-talar anterior, 
  • Ligamento tíbio-talar posterior
Nota-se que o LCM tem seus feixes com a mesma origem, mas com inserções diferentes, forma-se assim uma estrutura ligamentar complexa no formato de um leque na face medial do tornozelo.
LCM (Lig. Deltóide): Ligamento Colateral Medial (face interna).
LCL: Ligamento Colateral Lateral. (face externa)

 
Em relação à ENTORSES, esta é a principal lesão sofrida nesta articulação, podendo ser diferenciadas em 2 tipos principais:

ENTORSE EM INVERSÃO: É causado por uma carga excessiva em inversão na articulação, onde o paciente torce o tornozelo virando excessivamente a planta do pé para dentro associado a uma flexão plantar exagerada (ponta do pé pra baixo), neste caso nota-se uma lesão dos feixes ligamentares localizados na região dorsal e lateral do tornozelo (LIGAMENTO COLATERAL LATERAL do tornozelo).

ENTORSE EM EVERSÃO: Mecanismo inverso do anterior, onde o trauma é causado por uma carga excessiva levando a planta do pé pra fora associado a uma flexão dorsal do tornozelo (ponta do pé pra cima). Este entorse vai lesar os feixes mediais da articulação o tornozelo (LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL ou LIGAMENTO DELTÓIDE).
De modo geral, o entorse consiste num evento traumático que associa um componente de compressão (não há entorse sem o pé estar fixo no chão) com outro de inversão e flexão plantar ou eversão e flexão dorsal. Há um bloqueio articular doloroso pelo espessamento da cápsula sinovial (membrana que envolve todas as articulações móveis do nosso corpo) que se estirou no trauma, bem como pela lesão ligamentar, muscular e alteração do alinhamento dos componentes ósseos envolvidos.
As alterações biomecânicas no pé-tornozelo podem ser inúmeras de acordo com o tipo e gravidade do entorse sofrido, este tipo de impacto gera ao restante do corpo uma “descompensação” postural do paciente, uma vez que o apoio podal não está mais equilibrado favorecendo um processo de mudança do centro de gravidade do corpo (o corpo tem seu ponto de equilíbrio mais anterior ou posterior), posteriormente as estruturas musculares e ósseas da coluna devem responder a isso para compensar essa posição mais inclinada.
Em casos onde o centro de gravidade desloca-se para frente a cadeia muscular posterior do corpo (pernas, coxas e costas) deve aumentar seu grau de contração (objetivo de tracionar o corpo para trás evitando uma queda pra frente), Neste casos os problemas de coluna como desvios posturais acentuados, assim como quadros de lombalgia são normalmente observados. O mecanismo contrário também pode ocorrer (centro de gravidade deslocado para trás).
Um fator interessante são as consequâncias que as alterações articulares ao nível do pé vão gerar, tensões (ligamentares, musculares e fasciais) que promovem adaptações nas demais articulações do membro inferior até alcançar a coluna vertebral, ou seja, após o entorse o corpo tenta adaptar-se ao segmento do pé torcido (biomecânica articular alterada), desta forma o osso da canela (tíbia) deve se adaptar ao tornozelo (se não adaptar vai gerar problemas nesta articulação), assim como acontece com o joelho, quadril, pelve, sacro até chegar na coluna lombar.
Algumas vezes, uma repercussão ainda mais proeminente pode ser observada de forma que a adaptação que alcançou o sacro seja repercutida pela meninge dura-máter até a base do crânio onde esta está inserida. gerando assim sintomas cranianos como cefaléias e enxaquecas que são mais comuns, porém esta tensão ainda pode avançar afetando a base central do crânio na SINCONDROSE ESFENOBASILAR (uma articulação que une a parte da frente do crânio com a de trás entre os ossos esfenóide e occipital – a gl. Hipófise está acomodada sobre a SEB), neste caso queixas de natureza endócrina também podem estar sendo apontadas.
Essas adaptações que partem de uma lesão articular são chamadas de cadeias lesionais (no caso citado trata-se de uma cadeia ascendente – de baixo pra cima), estas podem ser observadas em qualquer segmento que haja alteração articular, ocorrem em virtude das estruturas próximas (músculos, ligamentos, cápsula, fáscias,..) à articulação lesada passarem a tracionar\contrair os segmentos mais próximos, por ememplo, com o tornozelo desalinhado pelo entorse, as estruturas citadas localizadas na perna ficam alteradas (algumas estiram e outras contraem), essa tensão gera uma adaptação do osso mais próximo visando equilibrar essas tensões. Normalmente a coluna é o último segmento passível de adaptação. Resultado disso é uma disfunção articular do segmento vertebral adaptado.

Outras considerações:

O pé é um importante componente postural do corpo, uma vez que se todo nosso peso deve ser devidamente distribuído pelas estruturas formadoras desta articulação, se um destes componentes for lesado, esta distribuição de peso ficara alterada e consequentemente a postura deste paciente deverá se adaptar.
Essas ADAPTAÇÕES podem ser oriundas tanto de uma lesão direta no pé (entorse-fratura) ou advinda de outros segmentos do membro inferior ou coluna lombar. Paciente com lesão articular de joelho ou quadril, bem como uma hérnia discal normalmente muda sua postura visando acomodar o processo de dor, isso gera uma alteração na pisada do individuo e posteriormente um possível quadro postural vicioso.
A OSTEOPATIA, as bandagens funcionais e uso de palmilhas são alternativas muito úteis e eficazes no tratamento destas lesões, o tratamento visa o reequilíbrio postural do paciente tratando os segmentos comprometidos (articulações que estão em disfunção) e restabelecendo uma harmonia biomecânica no membro inferior e demais segmentos alterados. Técnicas manuais de correção articular e equilíbrio miofascial são empregadas com bom índice de eficiência, as bandagens de imobilizam e protegem a articulação, já a palmilha vai promover um estímulo permanente ao corpo gerando correções inconscientes no tocante à postura.

















Obrigado mais uma vez por prestigiar este Blogg.

Francelo D. R. da Silva